domingo, 16 de janeiro de 2011

07.12.2010

07.12.2010

De manhã, fui com a Leti na amada e idolatrada Vittorio Emanuele, ir em uma papelaria baratona comprar papelão, papel, tecido, cola, régua e pincéis para confeccionar porta retratos, que eu vou fazer para os meus primos e para a avó deles, para dar como presente de natal. Lá nós rodamos um montão, mas é óbvio que encontramos tudo e mais um pouco, e com preços bons! 

Definitivamente essa é a 25 de março dos italianos, e apesar do lugar ser meio feinho, cheio de camelôs e gente estranha, eu adoro vir fazer bons negócios aqui! Saindo do Vittorio Emanuele, nós fomos direto para o Metrô barberini , começar o nosso passeio turístico romano sensacional de hoje.

Passeio 1 – Grandes artistas e mestres




Bom, o famoso passeio Michelangelo x Bernini, em Roma! Como todos sabem, simplificando todas as aulas de história da arte e da arquitetura, Michelangelo = renascimento; Bernini = Barroco. Sinceramente eu curto mais o perfeccionismo e a sensacional noção de espaço do Michelangelo, mas aqui em Roma eu aprendi a apreciar o movimento, o dinamismo do Bernini. Os dois eram escultores e arquitetos; os dois serviram muitos papas, e viveram até bem tarde; os dois eram normais (milagre!). 


Se você vier para Roma, e olhar qualquer coisa que não pareça muito antiga (leia-se, que foi feita a uns 500, 600 anos), pode apostar que é um dos dois, geralmente é. Enfim, o passeio foi muito legal, mas acho que, no fundo no fundo, o aprendizado sobre os dois nesse passeio nem foi tanto. Eu aprendi muito mais só pelo fato de morar em Roma.

Primeiro, fui para o teatro Ópera de Roma, que, vejam só, estava fechado. 




... e uma Vespa no meio do caminho! Como eu queria andar numa dessas


Depois, eu fui para a sensacional e inesquecível Igreja Santa Maria dos Anjos e Mártires, que entrou para o top 3 igrejas Romanas. Essa igreja foi construída dentro das termas de Deocleciano, e foi projetada por Michelangelo para o Papa Pio IV, em 1562. Michelangelo foi super vanguardista, e ao invés de destruir as termas para construir a igreja, ele aproveitou a estrutura existente para fazer a nave central, que é simplismente enorme. A igreja em si é enorme, mas me impressionou muito a proporcionalidade que ela tem, o que só o Michelangelo era capaz de fazer. 


A nave é enorme, as esculturas são enormes, até o piano é enorme! Uma pessoa que mede 3 metros estaria na escala certa ali, mas não é que a igreja incomode pelo seu tamanho. Ele simplismente pegou uma igreja bonita e convencional, colocou ela no CAD e deu um scale! Ficou demais!



Essa é só a porta!


e esse é só o topo da cúpula!





o tal piano gigante



Saindo de Michelangelo, fui para um pouco de Bernini! Fui na igreja Santa Maria Della Vittoria, aonde está a obra prima de Bernini, O êxtase de Santa Teresa (outro ponto do livro anjos e demônios), que foi feita em 1646. Esta obra retrata a visita de um anjo a Teresa. Segundo o relato, ela “viu em sua mão uma longa lança de ouro e na ponta de ferro parecia haver um pequeno fogo”. Meio erótico? Então, acho que é meio erótico mesmo. A cara da Teresa denuncia tudo! Ela estava descrevendo uma experiência orgásmica, é isso o que afirmam muitos estudiosos. Depois de ver a escultura, eu assino embaixo.





Passeio 2 – Luxo e ossos descarnados




Saindo do metrô Barberini, o primeiro lugar que paramos foi na igreja Santa Maria della Concezione, que não tem nada de muito especial. Porém, a cripta dessa igreja é inesquecível. Ela é toda decorada com ossos de monges capuchinos (aqueles que usavam aquela roupa marrom, com os capuzes grandes, e não dava para ver o rosto deles e tal). Quase 4 mil esqueletos – leiam bem, quatro mil! – foram usados aqui. Infelizmente, não pode tirar fotos, e eu não sou hábil o suficiente para descrever o que tinha lá. A Leti curtiu, eu achei meio assustador. Tipo, lá tem a sala decorada com rótulas de joelho e mandíbulas! Que loucura.

Tem também esqueletos inteiros, vestidos com as vestes dos monges, posicionados em pé. Certeza que eu não passaria a noite naquele lugar. No fim da cripta, tem uma mensagem legal: “Isso que vocês são, nós já fomos. Isso que somos, vocês serão um dia”. A verdade nua e crua, dita pelos mortos. Acho que é essa a idéia da cripta, a de que o corpo é só um período, uma passagem, e que a alma é muito mais do que isso. Que fique claro que eu não fiquei muito a vontade de ver ossos humanos decorando uma cripta, puta coisa macabra!

Saindo da cripta - na qual eu não quero nunca mais voltar - nós fomos passeando pela Via Veneto até o parque Borghese. Eu, que estava batendo papo e olhando em volta, me esqueci de tirar fotos, mas eu conto para vocês: A via Veneto é tipo a quinta avenida de Roma, é aonde estão os hotéis e restaurantes mais caros da cidade, e aonde a grana rola solta. A via foi inaugurada em homenagem à vitória dos italianos sobre os austríacos em 1918, na segunda guerra mundial. Na década de 50, a via foi cenário do filme La Dolce Vita, de Fellini (deixando claro que esse é o filme mais famoso da Itália e eu morro de vergonha de nunca ter visto ele.)

Chegando no parque, já estava escuro, aí nós fomos direto até a Galeria Borghese, um grande palácio aonde estão em exposição obras de Rafael, Bernini, Caravaggio, Ticiano e Canova, e é uma das maiores galerias da Europa. Em outros tempos ela foi ainda maior, mas a família Borghese, quando passava dificuldades, vendeu parte do seu acervo para Napoleão, e agora está tudo no Louvre, em Paris.

Bom, não preciso nem dizer que nós não conseguimos entrar na galeria, e reservamos uma entrada para amanhã (13,5 euros, uma facada, espero que valha a pena). Além de tudo, o bilhete só dá direito para nós ficarmos 2 horas dentro do museu, das 15h00 até as 17h00. Mó meleca.

Voltamos para casa, e a Leti foi durmir lá. Nós cozinhamos a famosíssima pasta com espinafre e mozzarela, e depois ficamos lá na cozinha até altas horas conversando e confeccionando porta retratos. Lá pra meia noite e meia o Marcon chegou da Espanha, e aí foram mais 3 horas de conversa até o sono bater. O dia de hoje foi muito gostoso, mas eu quero ver acordar cedo amanhã...

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