FACISMO.

08.12.2010

Ahá! Sensacional, a Leti e eu conseguimos acordar cedo! Milagre!

Pegamos o metrô cedinho, e fomos para a estação EUR Palasport, para finalmente conhecer o tão falado bairro facista de Roma.

Locais e espaços facistas

O EUR é um bairro de 5 km ao sul de Roma. A sigla significa Exposizione Universale Romana, e a área foi originalmente construída para abrigar a Feira Mundial que iria celebrar o vigésimo aniversário da marcha sobre Roma de 1922, quando os facistas assumiram o governo. 

A arte e a arquitetura facistas usam de proporções monumentais e formas clássicas para enaltecer o regime autoritário e o passado imperial de Roma. A entrada da Itália na Segunda Guerra Mundial impediu a realização da exposição, e a construção parou e a maioria dos edifícios só foi concluída na década de 1950.

O primeiro lugar visitado foi a Igreja de São Pedro e São Paulo, que foi construída no ponto mais alto do EUR. A vista de lá é muito diferente do habitual em Roma, o lugar é cheio de vias monumentais e tal, mas o clima é outro. Não tem pessoas felizes fazendo italianices, não tem vielas charmosinhas com restaurantes de pizza, não tem nada do que eu gosto aqui. 

Tem uma grandiosidade, uma monstruosidade, exatamente a impressão que Mussolini queria dar. A impressão de que ele era o deus do mundo, e que quem criava os costumes da sociedade era o facismo, que o facismo era maior do que tudo. Sei lá, medo.

São Pedro e São Paulo, e Leti.

Saindo da igreja, Nós fomos ver o Palazzo della Civiltà, que só dá para ver por fora, pois a visitação é proibida. As arcadas tem o mesmo numero de letras de “BENITO MUSSOLINI”, nas linhas e colunas, respectivamente, reparem. Medo.

B.E.N.I.T.O M.U.S.S.O.L.I.N.I. 

"É mano, aqui é ZL porra! Nazismo na veia!"

Saindo do Palazzo della Civiltà, fomos para a rotatória G. Marconi, que é muito doida e difícil de acessar, uma vez que tem um montão de carros, nenhum semáforo e nenhuma faixa de pedrestres. O esquema é na fé brasileira mesmo! Mas valeu a pena, lá tem uma escultura muito maluca, de Seward Johnson, que se chama  awakening, tipo o acordar de um gigante. E tem também um monumento a Guglielmo Marconi, um físico italiano inventor da comunicação sem fio, graças a ele que eu falo com vocês agora.

Depois da praça, fomos para o Museu da Civiltà Romana, que é muuuuito legal, e tem um montão de maquetes lindas de vários pontos importantes de Roma, nos mais variados períodos. Infelizmente a maquete mais importante de lá, que é a maquete de Roma imperial, que ocupa uma sala inteira, não estava lá. Porém vou colocar aqui as fotos das outras coisas para vocês verem como aqui é legal.

manhêeee, olha como o Coliseu era antes de ser saqueado!

A Vila Adriana, em Tivoli, que eu fui no começo de novembro!

Pantheon, pantheon!

Como nós tínhamos que chegar as 15h00 na galeria borghese, do outro lado da cidade, nós resolvemos comprar qualquer coisa no termini e almoçar por lá mesmo.

Foi o almoço mais divertido de todos, porque foi o mais nojento de todos! Comemos sem talheres e ainda cortamos o bolinho da sobremesa com a carteirinha erasmus da Leti. Nojento, e divertido!

meleca, êee!!

A galeria borghese é muito legal! na verdade, não tem tantas pinturas sensacionais, mas tem 3 esculturas de Bernini, que por si só valem uma visita à Roma. São elas:

Apollo e Dafne (1622-25)

O Apolo era o Deus da luz, e dafne, uma ninfa casta. Quando Apolo tocou em dafne, ela virou uma árvore. Bom, a história é essa, e a estátua é o momento em que Dafne vira uma árvore. É impressionante o pé do apolo "voando", com uma leveza incrível, os dedos de Dafne virando árvore, e as costas do Apolo, que só faltavam se mexer. O que eu reparei, não só nessa escultura como em todas que tinham homens e mulheres, que o homem é muito mais perfeito do que a mulher. Será que o Bernini curtia um pirulito?

David (1623-24)

O maldito do Bernini fez essa obra prima quando ele tinha só 25 anos! Acho que todo mundo sabe a história de David e Golias, e provavelmente eu já devo ter dito alguma coisa quando falei do David de Michelângelo. O david de Bernini enfoca um outro momento: o momento do ataque, da ação (enquanto o de Michelangelo enfoca o momento do pensar em atacar).

A estátua não é como a de Michelângelo, que é enorme e não se encontra nenhum defeito. A de bernini se vê imperfeições, tanto na escultura quanto no próprio mármore; mas o que seria imperdoável na perfeição de michelângelo simplismente é irrelevante ao ver o david de bernini. Aqui, o que importa é a emoção. E eu fiquei emocionada.

Foi impressionante girar em torno da escultura e em cada momento perceber um movimento diferente, uma leitura diferente, uma sensação diferente. Mas, mais emocionante do que isso é ver o rosto de David. Além de perfeito, é MUITO bonito. Beleza mesmo, de atrair. David é um homem forte, bonito, viril. Eu casaria com ele, me apaixonei.

Il Ratto di Proserpina (1621-22)

Esta estátua é de Plutão raptando a pobre Proserpina, filha de Cícero. A coitadinha não queria ser raptada, e tudo o que a mãe dela conseguiu fazer foi que ela pudesse viver meio ano na terra, meio ano  no reino de Plutão. Assim, toda a vez que Proserpina tornava a terra, era a hora da primavera e a terra se cobria de flores para acolhe-la. Blablablá.


O impressionante da estátua é a mão safada do Plutão na coxa da pobre Proserpina, que tenta se salvar dele. É de um realismo assustador, a pressão que a mão faz sobre a carne da moça. Ver isso na realidade é ok, mas pensar que isso foi esculpido em uma fucking pedra duríssima, é difícil de acreditar. Parece que foram 2 modelos que viraram pedra e o cara tava se aproveitando do momento para dar uma apertadinha na gata.


Assim como as outras esculturas, ao girar em torno, se vê várias facetas diferentes, muito movimento, muitas sensações. A cada passo em torno da escultura se entende um pouco mais do momento que ele quis captar, é muito impressionante, e muito diferente do que eu estou acostumada a ver em estátuas em Roma, apesar de ver muitas estátuas de Bernini...


Apesar de achar que o David dá de 1000 nessa escultura, essa parece ser a obra de mais destaque da galeria, com muito espaço e luz e tal. É parada obrigatória em Roma, seja para amantes da arte, seja para aqueles que não gostam.