03.12.2010
Esse passeio mostra lugares aonde loucuras aconteceram durante a Idade Média e renascentista em Roma, aonde a regra era matar ou morrer. Nessa época príncipes, papas e nobres eram muito cruéis e gananciosos, e eram capazes de tudo para manter o poder, e estavam acima da lei ( na verdade, era uma época meio sem leis..). Um grupo que sofreu muito – que é o tema desse passeio – foram os judeus. Muita gente sabe, eu provavelmente nasci judia de alma, então saber o que aconteceu com os judeus em Roma foi quase como uma facada no meu coração. Acho que este foi o passeio mais importante que eu fiz em Roma.
Os judeus chegaram em Roma em 139 a.C. Nessa época, os romanos eram pagãos e aceitavam com facilidade os judeus. Depois, com o fervor católico, um papa ordenou a construção de um “gueto murado”, e obrigou os judeus a assistirem sermões católicos. Os muros do gueto judeu em Roma só foram derrubados em 1888!!!
O Primeiro lugar que eu visitei foi o campo dei Fiori, que hoje é um lugar
bonito, super movimentato, com uma feira de manhã e com bares abertos à noite. Antigamente, aqui era um local de execuções públicas durante a inquisição. No centro da praça tem uma estátua, que é do filosofo Giordano Bruno, que foi queimado aqui, acusado de Magia Negra.
Canpo dei fiori e sua simpática feirinha. |
Depois, eu fui para a Piazza Farnese. Giulia Farnese foi amante do Papa, e assim ajudou a sua família a ascender socialmente. O irmão de Giulia, se aproveitando da situação, veio a se tornar o papa sucessivo, e acumulou riqueza suficiente para construir o palazzo desta piazza, que hoje abriga o consulado da França, que paga 1 euro de aluguel, a cada 99 anos.
A praça, com o consulado da França à esquerda. |
Saindo da piazza, e contornando o consulado Francês, eu encontrei a Igreja Santa Maria dell’Orazione e Morte, que estava fachada (adivinha: horário de almoço). Os monges desta igreja tinham o fardo de cuidar de corpos não reconhecidos, que eram tantos na época em questão. Os monges expunham os corpos publicamente esperando que alguém reclamasse por eles. Se ninguém reclamava, eles providenciavam um enterro cristão à esses indigentes.
Depois eu percorri a Via Giulia, que foi uma importante via de peregrinos que iam à são Pedro. A mãe de Napoleão morou nesta rua! A fonte Giulia dava vinho ao invés de água, em dias festivos (humm, conheço essa história!)
Depois eu fui para o palazzo spada, que foi erguido em 1550 para o cardeal capodiferro, que tinha do lado a Igreja Trinità dei Pellegrini, que cuidava de peregrinos doentes.
Via Giulia |
Depois, eu fui para a Piazza Cenci. Este poderoso clã ( a família cenci), era um dos encarregados de vigiar o gueto judaico, e o patriarca da família tinha fama de mau. Dizem que a filha, Beatrice, era muito bonita, mas o pai a mantinha trancada para não ter que pagar o dote caso algum homem se apaixonasse por ela. No fim do século 16, a família Cenci armou um plano para matar o patricarca (meu, a família bolou um plano para matar o pai, como assim??), e o matou a marteladas e jogou o corpo no rio. Porém, o plano foi descoberto quando encontraram os lençóis da família manchados de sangue. Para dar uma lição aos aristocratas romanos, cada vez mais inescrupulosos, o papa mandou decapitar Beatrice (coitada!), sua madastra, e seus irmãos mais velhos. Só foi poupado o irmão mais novo, que tinha 10 anos e que com certeza ficou traumatizado e também se tornou um homem mau.
Depois eu fui para a Piazza delle Cinque Scole, que é o centro do gueto judaico. As famílias judias ficavam segregados na praça do nascer ao por do sol, e a entrada principal do gueto era nessa praça. Os judeus romanos ganharam finalmente a cidadania italiana em 1870, mas os muros foram derrubados só em 1888. A ascensão de Mussolini teve trágicas conseqüências para essa comunidade. Em 1935, foram adotadas leis raciais que restringiam os seus direitos. Depois que a Itália se aliou à Alemanha, os judeus foram alvo de perseguições alemãs.
No fim da via que dá na praça, tem as ruínas do templo de Jupter e Juno,
erguido por Augusto em 23 a.C. Na idade Média, a Igreja Sant’angelo foi construída aqui, e era aonde se obrigavam os judeus a assistirem sermões cristãos.
Gueto judaico... |
...e ruínas |
Depois de ver as ruínas, eu segui por uma via até uma pequena igreja. Nesta via, tem uma praça que se chama Largo 16 ottobre 1943, que lembra o dia em que os alemães cercaram o bairro judaico e mandaram 2091 judeus para os campos de concentração na Polônia. Destes, apenas 16 sobreviveram.
Depois, eu segui até a ponte Fabricio, que é uma das mais antigas de Roma, de 62 a.C. Segundo a lenda, conquistadores romanos voltavam da Grédia de navio, em 293 a.C, com o saque do templo Esculápio, deus da Medicina, quando uma serpente sagrada saltou no barco. Isso foi sentido como um sinal de que um templo ao deus da medicina devia ser construído no local. Hoje, a ilha por onde passa a ponte tem farmácias e centros de estudos de medicina.
Isso está construido sobre uma ponte! |
É a ponte vecchio romana! |
Quando o passeio acabou, eu fui dar uma voltinha pelo bairro trastevere, um dos mais tradicionais de Roma. Porém, eu tava meio atordoada com o passeio do gueto judaico, e não tirei nenhuma foto, não prestei atenção em nada, e ainda por cima me perdi nas ruas tortuosas. Foi um desastre, e os privo de contar isso...