sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Outro post gigante!

Aqui está mais um pouquinho da aventura, ainda sem fotos! Este também é um ctrl+c e ctrl+v sem vergonha do meu diário, mas eu estou tentando me manter em dia, se eu conseguir prometo ser mais cuidadosa nos próximos posts. Vou tentar escrever um outro post ainda hoje, e esse sim com um monte de fotos de Roma e Florença... esse aqui tem só histórias da minha vidinha romana. Boa leitura!

20.09.2010 – ABBIAMO TROVATO UNA CASA!

Acordamos as 9, já tristinhos porque íamos passar o nosso dia na internet procurando casa, o que era um saco, principalmente em Roma. Só tínhamos uma visita marcada, para as 13h45, na Ponte Lungo. O marcon não tava muito animado porque era uma câmera doppia, e ele queria uma singola para ele. Então ficamos até 12h00 na internet, mandando muitos emails e fazendo algumas ligações, quando tinha o telefone no anúncio. Então saímos, pra variar comemos uma pizza, e fomos para a visita do dia. O entorno da casa não me animou muito, mas chegar na casa foi quase o fim dos nossos problemas! A casa tinha 2 doppias e uma singola disponíveis, por 300 o posto letto e 400 a singola. A casa era realmente demais: espaçosa, cada quarto com o seu sofá, uma varandinha gostosa que liga os quartos, a cozinha não era grande, mas era suficiente, dois banheiros, 7 minutos do metrô (cronometrados). O Marcon já queria fechar na hora e parar com aquela chatice de procurar casa, e eu fiquei com o pé atrás, claro, eu que sou a menina.
Voltamos para casa, fizemos umas ligações para descobrir se a ponte lungo era um lugar bom, e decidimos voltar para ver como é o clima da região a noite, vai que era mó perigoso e a gente não sabia... quando a noite chegou, voltamos para a ponte lungo, e durante todo  o caminho o Marcon ficou inventando 1001 motivos para me convencer a fechar aquela casa. Quando ele finalmente conseguiu, nós estávamos na frente do prédio, e íamos ligar para a moça para fechar o negócio quando.. tcharaaaaan! Durante a tarde nós tínhamos feito a maior troca de chips nos celulares e perdemos o número da moça! É O FIM DO MUUUNDO! O milagre foi que a bendita da moça ( que nós, por sinal, não sabíamos o nome, mas sabíamos o nome da mãe dela, que é Maria. Aí a gente atendia o telefone e falava “Maria?” e a moça respondia “nãao, é blábláblá”, e continuávamos sem saber o nome dela) ligou bem na hora que estávamos na frente do prédio, já nos despedindo da nossa grande oportunidade porque fomos burros e perdemos o número dela. Aí eu atendi, disse que íamos alugar e que voltaríamos no dia seguinte, as 10h30 da manhã, para fechar tudo.
Êe, felicidade! Até ganhei um sorvete de presente do Marcon, afinal fui eu que encontrei a casa, e falei com a moça e tudo mais. O melhor de tudo foi que de quebra eu ganhei o silêncio dele, porque não foi fácil ficar 3 dias ouvindo dele “ aaah você fica aí paquerando na internet e não procura casa, eu mandei o dobro de emails que você, eu fiz mais ligações que você, blablablablablá!!”. Fica a dica, marconzitos: primeiro qualidade, depois quantidade! Eu que fui boa e consegui o contato quente...

21.09.2010 – PERMESSO DE SOGGIORNO

Chegamos as 10h30 na casa nova, todos felizões, para fechar o contrato, pagar tudo e se mudar. Aí, a moça ( que ainda chamávamos de Maria, sabendo que esse era o nome da mãe dela..) nos disse que só aceitava a gente em casa se a gente tivesse o Permesso de Soggiorno na mão. O permesso é um documento italiano que diz que a gente pode ficar na Itália, e só deus sabe qual é a diferença entre este documento e o visto, mas sei lá, lógicas malucas, Europa, é melhor fazer tudo certinho.
Aí a gente saiu correndo da nossa quase futura casa, tristinhos, para mais uma aventura nos órgãos burocráticos Romanos.  Desta vez, nós fomos para o lugar aonde só os imigrantes vão para fazer documentos, como o permesso ou a permissão para trabalhar na Itália. Esse lugar chama Patronato, e só tinha imigrantes fedidões ( fedidões de verdade, tipo, F-E-D-I-D-Õ-E-S  mesmo!). Para variar, chegamos antes do almoço, e fomos atendidos para descobrir que faltavam documentos. Saímos para fazer os documentos, e quando voltamos estava fechado para a hora do almoço e só abria as 15h00. Tudo bem, demos a sorte de ser atendidos por uma mocinha brasileira muito simpática, que falou em português com a gente e deu várias dicas, mas perdemos a meleca do dia inteirinho por causa disso! E ainda, depois de tudo feito, o sistema deu problema e a moça não conseguia imprimir os documentos. Resultado: vamos ter que voltar amanhã de manhã para imprimir os documentos, pagar no correio e fazer a mudança, tudo bem cedinho porque o checkout do albergue é até as 10h30.
Depois do permesso quase feito, ligamos todos felizões para a Dona Maria (é, ainda não descobrimos o nome dela, depois de um montão de ligações, mas a essa altura do campeonato já tinha ficado chato perguntar..), dizendo que tava tudo em cima. Isso era lá para as 7 da noite, aí cada um pegou uma de suas malinhas e trouxe para a casa nova! Com 50% da mudança feita, só nos restava para o dia seguinte, até as 10h30:
-ir no patronato pegar o documento impresso;
-passar no correio e pagar as taxas;
-fazer a outra metade da mudança.
Logo, fomos durmir cedinho, e felizes, para acordar cedinho, e dispostos.

22.09.2020 – PRIMEIRO DIA E NOITE NA CASA NOVA!

Acordamos cedinho, 7 e pouco, tomamos o café “reforçado” do albergue, e fizemos tudo direitinho, dentro do horário.
Só um adendo: Daqui a 2 meses eu tenho um encontro com a polícia, aonde eles vão me medir, me pesar e fazer tipo um interrogatório para saber se eu sou ou não sou uma ameaça à nação italiana. Depois eu conto como foi.
 Depois que chegamos em casa, queríamos deitar morrer, mas tava tudo meio sujo, e eu ainda não tinha um lugar pra mim, porque no meu futuro quarto, estavam morando 2 inglesas que vieram para cá fazer um curso de italiano. Só na sexta elas vão embora, aí até lá todas as minhas coisas vão ficar jogadas no quarto do marcon, e eu vou durmir no outro quarto que está livre.
Quando era 13h00, decidimos ir comprar lençóis e coisinhas para a casa nova. Fomos para o IKEA, que é tipo a TOK STOK daqui. A loja fica láaaa longe, depois do fim do metrô tivemos que pegar um ônibus pra chegar lá, mas até que não demorou. Foi divertido, na última estação do metrô tem tipo uma feira de roupas, aonde os imigrantes fedidões vendem tudo baratinho. Pena que eu não tirei fotos.
Compramos tudo, fomos encontrar o Aldo na sorveteria que ele gosta ( comi um tramezzino dessa vez, delicioso! Tô gordinha em Roma já..), e depois fomos de novo para a Piazza San Giovanni, a mesma do dia 18.09. Dessa vez eu comi uma pizza sem pimenta, para ser mais exata foi de berinjela, e aí eu tive certeza que mais vale perguntar do que sair pedindo, a pizza tava deliciosa. Aí chegamos cedo em casa, para a primeira noite no lar. Na cama errada, mas no lar.

23.09.2010 – DIA DE DONA DE CASA

Acordei felizona, fui no mercado perto de casa, comprei umas frutinhas, pão, geléia e leite! Fiz até uma salada de frutas! Percebemos que ontem não tínhamos comprado edredon, e o marcon ia jogar futebol no fim do dia, aí fomos de novo pro IKEA, lá lonjão e tal. Depois de td comprado, pegamos um ônibus para a decathlon ( que é grandona!), e o marcon comprou a chuteira para a pelada da noite.
Essa noite, para honrar a minha vida de casada com o marcon, esperei até ele voltar do futebol para jantar. O bom mesmo foi que ele, na volta, passou no mercadinho e trouxe macarrão e coca cola! Valeu marconzis!

24.09.2010 – PRIMEIRA FESTA ERASMUS

Acordamos ao 12h00, e já fomos para a cozinha! Enquanto fazíamos o almoço, as inglesas foram embora para sempre ( foi a despedida mais estranha, tipo “tchau, nunca mais a gente se vê, vocês não tem como me encontrar nunca mais e eu nem tô ligando muito pra isso..”), e logo depois de comer eu já dominei o meu quarto! Tirei tudo da mala, coloquei no armário e fui feliz! Agora sim eu estou em casa! Pena que eu ainda não arrumei a minha cama, fiquei com medo de ser muito espaçosa e a Dona Maria não achar legal ( descobrimos: ela chama Emanuele). Roupas em um quarto, cama no outro. Mas tudo bem!
Fomos para a nossa primeira festa erasmus, que felicidade! Chegamos lá, tinha um Boteilón ( não sei se é assim que escreve...).. todo mundo entendeu né? Garrafas, cada um leva a sua, todo mundo bebe antes de entrar e tal, o famosíssimo esquenta. Esquentamos, entramos na festa! Ê, um monte de intercambista  (erasmus = intercambistas. Erasmus é um programa europeu de intercâmbio, então todas as cidades com faculdades tem erasmus..), gente de todos os cantos do mundo, ê!
E estava tudo lotado. Quem me conhece bem, sabe que eu não sou a maior fã de lotações, mas vamos lá! A música era boazinha, mas não era o estilo FAU, era o estilo baladinha, e eu fiquei deslocada! Tudo beeem, o marcon tava comigo, os meninos da eca tb, a querida Diana, espanhola que eu conheci na porta, e estavam todos tranquilões como eu! Ok, vamos dar uma volta.. foi quando eu percebi a fúria erasmus! Naquele empurra-empurra ( os meninos aqui não são nada educados, nem as meninas, e saem empurrando que nem uns trogloditas, aiaiai), eu percebi que a chegada européia se dá pela cintura. Eu andava e os caras iam me apertando, aí eu olhava para trás e eles faziam aquela cara de “How you dooooing?”. Meu, sai de mim! Aí eu saia correndo e ia me proteger com os meninos, mas foi tudo tranquilão!
Voltamos, sotto la pioggia, pegamos um ônibus noturno ( pois é, aqui tem ônibus noturno e é demais. O Brasil perdeu um ponto por não ter isso) e chegamos em casa felizes pela baladinha.

25.09.2010 – CIRCOLO DEGLI ARTISTI

Eu tinha combinado com o Olé e o Dragoni ( os amigos fotógrafos da eca) de fazer uma saída fotográfica por Roma, e íamos nos encontrar cedinho. Claro, deu tudo errado e eu acordei as 16h00, apesar da insistência do Marcon em tentar me acordar, até pulando em cima de mim. O engraçado desse dia foi que as coisas se inverteram: todos os dias sempre fui eu que acordei ele e ele que ficava fazendo manha antes de levantar, aí a vingança dele veio hoje, mas eu nem fiz manha, eu simplismente ignorei as tentativas dele,e durmi.
É sempre assim: quem acorda as 16h00 fica naquela moleza infinita até tardão, e depois não consegue durmir de madrugada, e aí estraga todos os dias até o fim da vida. Claro que comigo não foi diferente. Eu fiquei enrolando, perambulando pela casa, assaltando a geladeira e tal até as 9, quando fomos para o CIRCOLO DEGLI ARTISTI, encontrar os meninos da eca, o Aldo, e uma menina turca muito louca.
O Circolo degli artisti é um lugar bem legal. Tem um gramado, uma grande área externa com mesinhas e cadeiras, tem bar, restaurante, e uma parte interna aonde tem shows. Dá para ir e ser feliz sempre, nunca ninguém vai te empurrar, é o lugar ideal. Lá tem um telão a céu aberto aonde passam filmes ( nesse dia estava tendo um festival de filmes de terror, com debate e tudo mais, enfim..), e dizem que os erasmus organizam lá sessões de filmes italianos com a legenda em italiano. Tenho que ver isso aí, parece muito bom. O melhor de tudo é que se entrar antes das 22h30 não paga para entrar! Claro que eu, muquirana como sou, não paguei.
Nesse dia tinha um show de rock de uma banda italiana. Não lembro o nome da banda, mas foi bem legal, eles cantavam bem. Mas o mais interessante da noite aconteceu antes do show. No lugar coberto aonde estava o palco e a platéia, tinha um telão passando o jogo  Roma e Inter. Foi sensacional ver os italianos torcendo: era uma paixão incrível, eles batiam palma para as substituições, quase morriam do coração nos lances, empurravam os jogadores e tudo mais, como se eles tivessem dentro do estádio! O Roma, que segundo o Marcon está em crise, fez um gol no finzinho do jogo e ganhou. Bom, o time deve estar em crise mesmo, porque só faltou os caras chorarem de tanta emoção... a transmissão também era incrivelmente tendenciosa, e eles repetiram o gol 487 vezes, por uns 150 ângulos diferentes, e todas as vezes os torcedores malucos demonstravam toda a sua emoção. Bom, foi demais!
Durante o show o Olé me deu uma aula sobre Fotografia, com explicações muito boas sobre ISO, abertura e velocidade. Agora quando eu tiro fotos eu já sei o que está acontecendo com a luz, falta só tirar proveito disso para conseguir uns contrastes diferentes, uns focos mais poéticos e umas cores mais intensas. Enfim, isso é só com a prática, espero que nesse ano aqui eu aprenda bastante sobre fotografia.
Quando acabou o show, eu e o marconzis decidimos ir embora, para no dia seguinte acordar cedo e poder fazer o passeio fotográfico, que foi adiado para amanhã. Como nós estávamos sem o mapa de Roma, pegamos 2 ônibus noturnos para voltar para casa, e fizemos em mais de uma hora o que faríamos em 20 minutos a pé. Por essas e outras eu vou me lembrar de sempre sair com o mapa da cidade quando eu for para algum lugar que eu não conheço.
Mas, foi a maior emoção ver pessoas alternativas e muito doidas no Termini, o lugar mais doidão do mundo. Valeu pela conversa com o Marconzis sobre a valorização da nossa cultura, de como é legal a maneira com que eles lidam com a história deles, e de como é um pouquinho vergonhoso a maneira como nós valorizamos o nosso passado e a nossa cultura, se é que a gente se identifica com um passado e uma cultura que nos define.

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