15.10.2010 – Lisboa
O Luis acordou cedíssimo para ir para a aula, e eu fiquei mais um pouquinho na cama. Tinha feito uma programação de meio dia com o Luis, para passear enquanto ele tivesse na aula. Aí, eu ia para a faculdade dele encontrá-lo para a gente bandejar e depois passear juntos. Eu saí de casa lá para as 9, e fiz um passeio muito muito gostoso. O tempo estava sensacional, o céu estava azul, e Lisboa é linda. Foi nesse momento que eu pensei “putz, devia ter ficado 7 dias em Portugal, não 6”. Mas, não adianta chorar o leite derramado, eu fui aproveitar o tempo que eu tinha. Mas fica a dica para os futuros visitantes de Portugal: o país é demais, e tem muito muito para ser visto. Reservem uns 10 dias, viagem tranquilos e sejam felizes!
Aí tá a foto história do passeio que eu fiz sozinha, de manhã:
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Fernando Pessoa, convidando para um café |
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A diferença de cor de onde as pessoas tocam, e aonde elas não tocam. |
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Álvaro Siza, e seu restauro. Tudo isso pegou fogo, antes dele
"colocar a mão"... |
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Vilinha que ele criou |
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"Nossa, que legal! Olha que passarela demais!
Eu tenho que ir lá dar uma olhada.." |
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"Eh, hum, então..." |
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Caminho do elevador |
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Elevador de Santa Justa |
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Acesso ao elevador, do ladinho da Igreja que pegou fogo |
Pausa para falar dessa igreja: a Igreja se chama Igreja do Carmo, e foi destruída por um terremoto que teve no ano 1755. Como símbolo do que a cidade sofreu, a Igreja - que era a maior de Lisboa - não foi restaurada.
Na verdade, tudo ali em volta foi destruído depois em um grande incêndio muitos anos depois (já que desgraça pouca é bobagem), porque os bombeiros não conseguiram chegar, já que as vias eram muito estreitas e os caminhões não passavam por elas. Tudo em volta foi restaurado (não preciso nem dizer quem foi o Álvaro Siza que comandou tudo), menos essa igreja, que novamente foi escolhida como símbolo para a cidade nunca se esquecer das tragédias que aconteceram em Lisboa. Eu tinha visto esta igreja do mirante do castelo ontem, e desde então não tirava ela da cabeça, nem ela nem o elevador que fica do lado dela.
Foi tudo o que eu esperava. Uma igreja sem a cobertura é completamente diferente de tudo o que a gente pode imaginar, a estrutura que restou parece muito mais alta e impressionante. A sombra dos arcos e dos pilares nas paredes faz com que a igreja pareça muito maior, e de repente eu me senti em um lugar aonde muita coisa aconteceu, e esses acontecimentos pareciam passar na frente dos meus olhos, ou gritar nas minhas orelhas. Sei lá, essa é uma sensação que se perde quando se restaura alguma coisa que sofreu um dano muito grande. Nesse caso, sem restauro, a evidência da brutalidade do incêndio é tipo um tapa na sua cara. Um lindo tapa, diga-se de passagem, porque o que sobrou da igreja, por incrivel que pareça, deixou ela lindona.
O engraçado é perceber que em todas as igrejas que eu entrei aqui na Europa - que foram muitas, mesmo - a primeira coisa que eu sempre faço é olhar o teto. Parece que os tetos das igrejas competem para ver quem é o mais chamativo, quem faz os fiéis olharem mais tempo para o céu. De repente, surge uma igreja sem teto, e ela é muito mais hipnotizante do que todas as outras. Talvez seja por deixar os arcos góticos tão evidentes, talvez porque agora sim os fiéis olham para o céu. Seja o que foi, benditos sejam todos aqueles que permitiram que essa igreja continuasse assim, sem teto.
Olhando a maquete do que ela era antes, ela devia ter sido muito imponente, e a construção era muito interessante em um lote com um grande desnível. Enfim, se eu tivesse que indicar um único lugar para uma pessoa conhecer em Lisboa, eu iria contra todos os pontos turísticos famosos da cidade e indicaria esta ruína, sem dúvida.
Depois do passeio sozinha, peguei um ônibus e fui encontrar o Luis lá na faculdade dele. A faculdade de arquitetura de Lisboa é grandona, porque nela são ministrados muitos cursos. Quando eu cheguei lá, eu vi um montão de meninas vestidas todas emperequetadas e pensei “meu, qual é dessa faculdade?”. Só depois a Rita foi contar para mim o que estava acontecendo: naquele dia, o Tommy Hilfiger ia dar uma palestra na faculdade de moda. Aí, todas as gatinhas colocaram a melhor roupa que elas tinham no armário para ir na palestra. Hihihi, engraçadinho.
A faculdade de arquitetura também tem um estúdio 24h, como em Porto. Mas aqui parece que os alunos são mais parecidos com os da fau, e não miniaturinhas ambulantes do Da Vinci, como era em Porto. Me senti menos mau, mas mesmo assim fiquei tristinha porque até agora eu não tive nada em Roma, enquanto em Portugal a produção rola solta.
Fomos bandeijar, e o refeitório deles era grande e agradável. A comida também era gostosa, e parecia ter pelo menos um pouquinho de carinho, coisa que eu jamais vi lá no nosso amado bandeijão da USP. Ainda por cima, em Portugal, comi mó bem por 2,15 euros. Sucesso.
Depois do bandeijão, eu fui com o Luis na trienal de arquitetura de Lisboa. Sinceramente, eu curti mais a trienal do que a bienal de Veneza. A de Veneza era maior, mais bem organizada, mas era meio viagem, era quase que uma dúvida filosófica sobre o que é ser um arquiteto, sobre o que o nosso trabalho representa para a sociedade, sobre a valorização da arquitetura, ou sobre o que um arquiteto faz. Ok, legal, mas em Lisboa eu vi soluções de habitação. Poxa, muito mais legal, pelo menos para mim. Aí vão as fotos:
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Prédio da trienal |
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Namoradinhos.. |
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A habitação natural.. |
Da trienal, nós visitamos ali a região de Belém. Para o post não ficar ainda mais gigante, eu vou colocar só as fotos, acho que fica mais fácil para
entender também:
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Torre de Belém |
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"Guentaê Louis, tô fazendo uma foto artística.."
ah vai, ficou boa! |
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Futuro museu do coches, do Paulo Mendes da Rocha |
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Mosteiro dos Jerônimos, lá atrás |
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Pastelzinho de Belém, mais um doce delicioso! |
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Louis, o anfitrião |
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Meu deus, que vontade de comer todos! |
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Olha só o sofá que tem no Tram em Lisboa! meu deus! |
Do passeio, eu saí correndo para a rodoviária, e o Luis foi comigo. Cheguei lá dois minutos antes do ônibus partir, e foi tudo meio correndo, mas eu consegui pegar o ônibus. Cheguei em porto as 22h30, e fui andando da rodoviária estranha até a casa da Lu na noite fria e escura, pelas ruas vazias. Acho que foi a primeira vez que eu passei perto de sentir medo andando na rua, mas nada que se compare com andar sozinha, à meia noite, na Brigadeiro Luis Antônio. Então tudo bem.
Na casa da Lu, descobri que não ia ter como eu pegar um meio de transporte da casa dela até o aeroporto para conseguir estar no aeroporto as 5h55 da manhã. Então, eu fiz o inevitável: peguei o último metrô, da 1h00, e fui para o aeroporto, esperar até as 6h55, quando o avião partia. Não consegui durmir porque não tinha nenhum banco confortável, aí eu tentei durmir no chão, mas não consegui relaxar. No meio da madrugada, um homem passou com um carrinho, limpando tudo, e acho que ele ficou bravo porque eu estava deitava em um cantinho e não deixei ele limpar no chão. Ele não devia ter ficado bravo, era eu que estava durmindo no chão sujo.
Gostei das tuas fotos.
ResponderExcluirAbç tripeiro
Tó